SAPATILHA ESPÍRITA



“... Sim, certamente o Espiritismo abre á arte um campo novo, imenso e ainda inexplorado; e quando o artista reproduzir o mundo espírita com convicção, haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações, e o seu nome viverá nos séculos futuros, porque às preocupações materiais e efêmeras da vida presente, substituirá o estudo da vida futura e eterna da alma.”
Allan Kardec

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mostra Espírita de Dança


A Mostra Espírita de Dança foi criada pelo Grupo Espírita de Dança Evolução* e teve sua primeira edição em 2001, na cidade de Araras - interior de São Paulo.

Desde então, o encontro acontece ininterruptamente, chegando em 2010 a nona edição.

Durante a Mostra são oferecidas oficinas de capacitação, estudos de dança à luz da Doutrina Espírita, apresentações artísticas de Grupos Espíritas de Dança de todo o Brasil.

A partir de 2009, a Mostra, em parceria com a ABRARTE - Associação Brasileira de Artistas Espíritas, passou a oferecer o curso "Dançando com a Alma - O Trabalho do Coreógrafo no Grupo Espírita", que mais que capacitar os participantes em termos técnicos do aspecto coreógrafico, traz reflexões sobre a dança e suas relações com o Espiritismo.

Maiores informações podem ser obtidas no site do evento:
http://mostraespiritadedanca.wordpress.com/

* Grupo criado em 1995 - considerado um dos primeiros grupos espíritas de dança do Brasil.
http://grupoespiritadedancaevolucao.wordpress.com/

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A ARTE DO ESPIRITISMO





Merlânio Maia



Poetas, músicos, cantores,

Dramaturgos e atores,

Pintores e escultores

É hora de encantar

Apresentai a verdade

Pintai toda liberdade

Melhorai a humanidade

Deixai vossa alma cantar



Abri o peito que canta

Vivei do modo que encanta

Representai vida santa

Que vossa arte traduz

Cantai a crentes e ateus

Declamai, arrancai véus,

Fazei mais, falai de Deus

Brilhai, enfim, vossa luz



Recebei todo esplendor

Das tintas da eterna cor

Pelos caminhos da dor

Atuai com heroísmo

Vossas mentes registraram

Grandes artistas voltaram

Intuíram e inspiraram

A Arte do Espiritismo



De volta da laje fria

Aqueles que foram um dia

Os senhores da alegria

Retornaram do além

Grandes artistas amados

Pela arte burilados

Brilhando iluminados

Pelos caminhos do Bem



Vos dizendo: “Avante, amigos,

Levai sem temer perigos

Seremos vossos abrigos

No leme da embarcação

Conduzindo vossas mentes

No labor santo e urgente

Levando Jesus à frente

Para a Regeneração!”


Cantoria de Luz nos corações,


MERLÂNIO POETA MAIA
JOÃO PESSOA/PB

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Faltam apenas 5 dias para o término das inscrições!!!


Atenção pessoal,


Faltam apenas 5 dias para o término das inscrições da IX MOSTRA ESPÍRITA DE DANÇA.

Dia 30 de Agosto é o ÚLTIMO DIA!!!!

A IX Mostra Espírita de Dança acontecerá nos dias

13, 14 e 15 de Novembro de 2010

no INSTITUTO DE DIFUSÃO ESPÍRITA em Araras/SP.

As inscrições são de R$ 45,00 para alimentação, o alojamento é realizado no local, bastando levar travesseiro e colchonete.

Lá você terá a oportunidade de ver o maior número de bailarinos espíritas reunidos num único evento!!!!!

Apresentações artísticas de grupos de todo o Brasil, estudos sobre arte e dança sob a ótica espírita, além de oficinas práticas.

Não perca esta oportunidade! Corra, ainda dá tempo.

Esperamos você lá!!!!




Comissão da IX Mostra Espírita de Dança

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

10 Questões sobre Arte e Espiritismo




Por Dora Incontri

1- Existe Arte Espírita?
Depende como se entende o conceito. A Arte não pode se tornar serva de idéias alheias a ela própria. Não se trata de fazer uma doutrinação através da Arte, porque senão deixa de ser Arte. O século XX já viu no que resultou a censura ideológica, através dos sistemas políticos totalitários, tanto de direita, quanto de esquerda. Historicamente, também viu-se que a Arte condicionada aos dogmas das igrejas resultou, muitas vezes, na anulação da criatividade individual.

2 - O que é Arte Espírita?
O espiritismo deve influenciar a Arte, transformando moralmente os artistas e abrindo-lhe os horizontes de sua cosmovisão. Naturalmente, se elevados espiritualmente e com uma compreensão mais larga da vida, transfundirão isto para sua arte. Mas antes é preciso ser artista. O artista espírita é que deve fazer a Arte espírita e não o espírita que queira fazer da Arte um instrumento de propaganda ideológica. Nesse sentido, ele presta um desserviço tanto à Arte, quanto ao Espiritismo.
A Arte espírita é aquela que eleva o padrão vibratório do homem, arran¬cando sua visão das mesquinharias do cotidiano, para lançá-lo ao infinito, para dar-lhe a certeza da eternidade, para infundir-lhe o ânimo interior de lutar e progredir sem cessar. Pode haver Arte espírita, sem que tenha o nome de espírita. Por exem¬plo, as obras produzidas pelos grandes artistas da humanidade, como um Beethoven, um Mozart, um Bach, ao pacificarem a alma humana, ao provomer-lhe a transcendên¬cia são muito mais espíritas do que esses hinozinhos que se fazem no movimento, destituídos de qualquer harmonia melódica, de qualquer conteúdo poético, de qualquer senso estético.

3 - Deve-se exercer censura na Arte?
A Arte não pode ter limites externos a ela própria. Não se trata de proibir um artista, ou ele próprio se auto-proibir, de resvalar para a violência ou para o sexo desenfreado. O artista verdadeira¬mente espírita, que já alcançou um padrão de elevação moral, simplesmente se des¬gosta da vulgaridade e da violência. Ou seja, a vul¬garidade, a violência são esteticamente feios e moralmente baixos. Mas não se pode reprimi-los ou proibi-los, é preciso transformar o homem, de modo que ele não apre¬cie mais a escravidão dos sentidos e as sensações inferiores, mas que se satisfaça com o belo, com o elevado, com o sensível… E, ao contrário do que se pensa, quanto mais elevado o artista, mais criativo e original. A genialidade de um artista não tem nada a ver com o abuso das sensações inferiores. Pode haver um artista mais genial do que Bach? E, no entanto, ele fazia toda a sua arte inspirada em pro¬fundos sentimentos religiosos…

4 - Há manifestações melhores ou piores de Arte? É possível medir?
Existe, sem dúvida alguma, uma arte melhor que a outra. Na medida que proceda de um espírito mais elevado, moral e intelectualmente. É difícil, ou talvez impossível, estabelecer critérios fixos de análise, porque a própria capacidade de analisar também depende do grau de amadurecimento espiritual. Mas poderíamos dizer a grosso modo que a melhor arte é a que nos infunde sentimentos mais eleva¬dos: a esperança, a perspectiva de eternidade e infinito, o amor universal, a paz etc. Disse sentimentos: porque a Arte não deve fazer discursos ideológicos, mas propor¬cionar antes de tudo estados de espírito elevados. É por isso que a melhor arte é também aquela que vai mais profunda e diretamente à alma, sem passar antes pelos ditames da lógica humana.

5 - A genialidade é sinônimo de elevação espiritual?
A sensibilidade artística é um dos aspectos que o homem deve de¬senvolver no decorrer de sua evolução. Mas pode alguém já ter desenvolvido numa certa medida essa sensibilidade e ainda não ter se elevado moralmente. É o caso de muitos artistas terrenos. Por isso, a Arte no planeta Terra, muitas vezes, acaba se transformando em fator de desequilíbrio e desencadeando paixões devastadoras. Quando um artista desenvolveu já em larga escala um senso estético, mas ainda permanece contagiado pelo orgulho, pela vaidade, por preconceitos hu¬manos, acaba fazendo uma arte genial, mas desequilibrada.
A responsabilidade de tais artistas existe sempre. E todo o desequi¬líbrio ou toda paz, todas as sombras ou todas as luzes, lançadas às multidões e à posteridade, através da Arte, repercutem durante séculos no espírito do artista. Todas as vezes que lemos um poeta, ouvimos uma música, vemos um quadro de al¬guém, que os tenha feito 100, 200 ou 500 anos atrás, as vibrações que experimen¬tamos, de elevação ou de desequilíbrio, atingem o autor. Se ele usou mal o seu poder de comunicação estética, terá de reparar, até que possa apagar da terra os efeitos de sua arte desequilibrada, substituindo-os por rastos de luz e paz. Não se trata de um castigo divino. Mas de uma questão de sintonia. Quando me impregno de uma manifestação artística, es¬tou me impregnando do autor que as fez e essa consonância de vibrações o al¬cançam, onde quer que ele esteja. Se as vibrações forem boas, o espírito terá ainda mais paz, se forem negativas, sentirá o tormento, as paixões e as sombras que seus ouvintes ou leitores estarão experimentando. (Há referências interessantes a esse respeito no livro "O problema do ser, do destino e da dor" de Léon Denis.) Seu tor¬mento será ainda maior se suas obras provocarem ações negativas concretas, como no caso de Goethe, cujo romance Werther desencadeou uma onda de suicídios na época (ver Kardec, na Revista Espírita, 1858).
Quanto à Arte mediúnica, a responsabilidade pelas suas conseqüências, positivas ou negativas, pertencem igualmente ao espírito e ao médium, porque este sempre permanece à testa das comunicações e pode decidir publicar ou não o que lhe foi ditado.

6 - Toda Arte é mediúnica?
A Arte mais elevada é mediúnica, no sentido amplo da palavra, isto é, quando o artista pode, se desprendendo do corpo, intuir, conceber, sentir, as belezas transcendentes do universo, do infinito, da eternidade. Mas é o próprio es¬pírito do artista que sente isso e expressa artisticamente.
Diferente é a Arte mediúnica mais específica, em que uma inteligência desencarnada se manifesta por outra, encarnada. Aí, o médium funciona como um in¬termediário do artista do além. Mas ele será tanto melhor médium, quanto melhor tenha desenvolvido, nesta ou em outras encarnações, os próprios dons artísticos.
Em ambos os casos, o melhor é que o estado de espírito esteja har¬mônico, para que haja um fluir mais natural da beleza.

7 - Qual deve ser o objetivo da Arte?
Harmonizar o indivíduo, elevá-lo, colocá-lo num estado de espírito de predisposição ao bem e o mesmo em relação à sociedade. O artista deve transmitir de forma bela e harmônica, os sentimentos do bem e do amor.


8 - O que é harmonia na Arte?
Harmonia na forma pode ser a coerência orgânica das partes, a beleza do conjunto. Do ponto de vista espiritual, trata-se da harmonia com as leis divinas, com o amor divino, com a beleza universal.

9 - A capacidade artística é sempre inata?
Há dons inatos, que devem ser estimulados e aperfeiçoados. Mas todos os homens em maior ou menor grau são capazes de manifestações artísticas, se receberem uma educação que lhes estimule e não abafe a criatividade.

10 - A Arte pode ser funcional, ter utilidade?
A melhor Arte é a funcional, não do ponto de vista material, mas espiritual. Isto é, a Arte verdadeira é útil ao espírito, como elemento de evolução. Mas há também a funcionalidade material; a arquitetura, por exemplo, é uma Arte que tem uma utilidade física ao homem, além das possíveis qualidades estéticas. Quanto mais o espírito evolui, mais ele se expressa artisticamente, porque tudo o que ele faz, é belo e toda a Arte que produz é útil às leis da evolução. Algum dia, atingiremos um estágio de evolução em que cada pensamento, cada palavra, cada ato nosso será uma obra de Arte. Deus é assim. Ele criou o Universo e em tudo o que existe, colocou o elemento estético: a harmonia, o equilíbrio, a beleza de suas leis, a coerência do conjunto.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Arte e Educação




Arte na (Casa Espírita) Educação do Espírito




por Denize de Lucena





junho,2010.


Quando se pensa em Arte na casa espírita, vem de imediato a idéia de divulgação. Esse ponto já é aceito pela grande maioria das casas. Especialmente a música e o teatro têm ocupado estes espaços.

Uma vez que o desenho, a escultura e a pintura entraram na casa espírita por via mediúnica, em geral aparecem neste formato e, por isso, com menor frequência.

Geralmente ligada à evangelização e, em alguns casos, a eventos confraternativos, a Arte aqui e ali aparece no ambiente espírita, sem que necessariamente faça parte de suas atividades permanentes. Com louváveis exceções de algumas casas que descobriram o grande potencial que a Arte carreia e sua atuação direta na educação do espírito.

-- A Arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas. Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação do “mais-além” que polariza as esperanças da alma.
O artista verdadeiro é sempre o ‘médium das belezas eternas’ e o seu trabalho, em todos os tempos, foi tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano, alçando-o da Terra para o infinito e abrindo, em todos os caminhos, a ânsia dos corações para Deus, nas suas manifestações supremas de beleza, de sabedoria, de paz e de amor.
Emmanuel, O Consolador, 14ª. edição, p.100, perg. 161, Ed. FEB


Fora do ambiente espírita, diversas áreas do conhecimento humano têm destacado o poder que a Arte tem em si mesma. Não como veículo, não como meio. No campo da Educação, conquistou-se instrumentos legais que asseguram a Arte como área do conhecimento humano e indispensável no conjunto de saberes acumulados pela humanidade, que devem ser ofertados às novas gerações.

Não mais se pretende desenvolver apenas uma vaga sensibilidade nos alunos por meio da Arte, mas também se aspira influir positivamente no desenvolvimento cultural dos estudantes pelo ensino/aprendizagem da Arte. Não podemos entender a Cultura de um país sem conhecer sua Arte. A Arte como uma linguagem aguçadora dos sentidos transmite significados que não podem ser transmitidos por intermédio de nenhum outro tipo de linguagem, tais como a discursiva e a científica.
Ana Mae Barbosa, Inquietações e mudanças no ensino da Arte, 5ª. ed. , Cortez Editora, p.17


A Arte possui potencial em si; é o fazer a Arte pela Arte, pelo que ela pode oferecer.

Porque é capaz de chegar em níveis que nenhuma outra área chega, alcançando além do cognitivo, níveis psicossociais, psicoemocionais e, também ao nível do perispírito, acordando lembranças que não detemos no consciente, mas que nos emocionam profundamente porque encravadas no âmago do nosso ser. É o que nos faz emocionar porque quem está em cena está emocionado, e manda energias através da vibração que chega em nós despertando os sentimentos adormecidos de outras experiências.
(...) agora, reconhecia que toda Arte elevada é sublime na Terra, porque traduz visões gloriosas do homem na luz dos planos superiores.
André Luiz, Os Mensageiros, cap.16, p.91, Ed. FEB

Quando o grupo está no palco, uma energia é gerada por ele, pelas emoções, pelas cenas que ali são representadas. Essa energia rompe o espaço cênico e avança para a platéia e a envolve, captando também dela de retorno ao palco.

Todos os artistas sabemos disto.

Essa verdade se amplia quando temos a consciência de que palco e platéia são também habitados por espíritos desencarnados que participam desta troca.

O grande debate na questão da Arte e, no caso, da Dança Espírita, é a eterna questão do rótulo. Por que Dança Espírita se não há uma proposta nova, se não há uma técnica, um método ou uma série de movimentos novos?

Todo movimento artístico foi definido pela posteridade. Estamos em pleno florescer da era das Artes e mergulhados como estamos, difícil é divisar o que fazemos. Até porque, outra grande questão é tomar a parte pelo todo. Vivemos em um país de dimensões continentais, no entanto nos referimos a questões espíritas como se fossem uma única, falamos que a casa espírita é assim, que a evangelização é desta forma, que os médiuns agem de maneira tal e que a Arte Espírita possui tal e tal intenção.

O olhar um pouquinho mais apurado e com um grama de humildade nos faz perceber que como quase tudo neste país, o movimento espírita também é plural. O fato de conhecermos alguns grupos de artes não nos habilita a dizer que a Arte Espírita está neste ou naquele caminho.

Seu advento (o Espiritismo) transformará a Arte, depurando-a. Sua origem é divina, sua força o levará a toda parte onde haja homens para amar, para elevar-se e para compreender. Ele se tornará o ideal e o objetivo dos artistas. Pintores, escultores, compositores, poetas irão buscar nele suas inspirações e ele lhas fornecerá, porque é rico, é inesgotável.
Allan Kardec, Obras Póstumas, p,185, Ed. FEB

Então há ou não uma Arte Espírita?

Se vamos buscar elementos que nos credenciem a rótulos, vamos continuar numa discussão infrutífera.

Eu diria que há uma Arte Espírita porque há artistas que, sendo espíritas, agregam à sua Arte os conhecimentos, pensamentos e princípios da Doutrina que abraçam. Assim sendo, chamaríamos de Arte Espírita aquela que é pensada e realizada sobre as bases da Doutrina Espírita.

(...)pois que este atributo, o Belo, é tão necessário às almas em progresso quanto o Amor, visto tratar-se também de um dos atributo do Criador de Todas as Coisas, e que, sendo o Universo uma expressão da Beleza Divina, e sendo o homem destinado a se tornar imagem e semelhança de Deus, deverá igualmente comungar com o Belo, a fim de poder compreender o Universo e com ele vibrar em toda a sua arrebatadora, feérica e harmoniosa beleza.
Ivone Pereira, Devassando o invisível, 7ª. ed. PP.80-81, Ed. FEB




DANÇA ESPÍRITA – REMODELANDO OS ARQUIVOS DA ALMA


Muitas vezes porém nos atemos a falar sobre temas doutrinários em nossas coreografias e sinalizamos assim que fazemos uma Dança Espírita.

A Doutrina nos informa que somos espíritos, estamos encarnados em exercício de evolução, mantemos relação com o plano espiritual de onde nos originamos e para onde retornaremos em cada fechar de nossas existências a fim de contabilizar nosso progresso.

Em nossa estada, mantemos contato com espíritos que habitam os dois planos da vida, e estes nos influenciam, e são influenciados por nós.

Da mesma maneira que não somos médiuns apenas quando estamos na reunião mediúnica, não podemos lembrar dos fundamentos doutrinários apenas quando estamos nas reuniões do centro.

Assistimos uma noite à representação da ópera Oberon, (...)por detrás dos atores muitos espíritos, de humor jovial, se divertiam em arremedá-los, imitando-lhes os gestos de modo grotesco; outros, mais sérios, pareciam inspirar os cantores e fazer esforços por lhes dar energia. (...) Foi visto, (o espírito Weber, autor da ópera)daí a nada, no palco, pairando acima dos atores. Partindo dele, um como eflúvio se derramava sobre os intérpretes.
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, p.204-205, Ed. FEB


Tomando as quatro principais linguagens artísticas podemos fazer uma espécie de subdivisão destas. O teatro por usar das palavras e as artes visuais, das formas, convidam-nos a um exercício que passa pela razão, nos provoca, embora emocione, num diálogo, um embate de idéias. Não à toa foram os principais representantes da arte grega, civilização berço da filosofia.

A música e a dança, modelam seus discursos em níveis mais profundos, usam do simbólico, do abstrato, da impressão, e por isso atravessam a fronteira da razão e mergulham nas misteriosas camadas do ser.

O trabalho com a dança, que se processa diretamente no corpo físico, reflete e sente refletir os arcanos do perispírito, que nos faz acordar sensações e experiências anteriores. Ao trabalharmos com a dança espírita não devemos nos furtar do amparo espiritual por meio da prece, do estudo e do bom senso.
Ele (o perispírito) vibra aos menores impulsos do espírito e transmite ao corpo físico as vibrações forçosamente reduzidas. (...) A correlação entre os dois envoltórios: físico e perispiritual, diz respeito a uma lei única, a das vibrações.
Leon Denis. O Espiritismo na Arte. 2ª. Ed. Lachâtre, pp. 96 - 97

Já mais de uma vez iniciei longas defesas ao uso da música espírita em nossas coreografias. Insisto que nada possuo de contrário ao cancioneiro popular e mesmo erudito que possuímos. Contudo, nossos conhecimentos devem ser mais profundos quando escolhemos uma música que não é espírita. Devemos investigar sua origem, seu autor, a situação na qual e para qual foi composta, a que se vincula.

As trilhas do cinema, por exemplo, costumam ser obras maravilhosas do ponto de vista musical. Geralmente orquestradas, com trimbragens variadas, compostas por quem entende do assunto. Há músicas mesmo dignas de aplausos. Sabemos, no entanto que basta ouvirmos alguém cantarolar uma melodia conhecida e logo reconhecemos a música, pescamos na memória a letra, onde a ouvimos, uma situação que passamos, etc. “Nossos pensamentos plasmam imagens, criam formas-pensamento que nos envolvem” já nos disse André Luiz. Nós, espíritas, entendemos muito bem este fenômeno.

O cérebro humano é apenas um instrumento do espírito, um elo entre o perispírito e o corpo físico. É aquele que guarda todas as informações vividas, todos as experiências e sensações. Nossa mente, como um mecanismo de busca vasculha pontos de contato e é extremamente imagética. Não guardamos palavras, mas seus símbolos, seu significado.
Quando ouvimos a trilha sonora de um filme que assistimos, imediatamente nossa mente entra em ação e nos apresenta as imagens do filme em questão. Ao escolhermos uma música de filme para dançar, precisamos então atentar para a conveniência de despertar estas imagens na platéia.

A mesma situação se dá quando escolhemos músicas populares para dançar. Se a música é conhecida, logo toda a platéia estará plasmando imagens no ambiente. A consciência deste fato nos leva ao cuidado redobrado na escolha do que dançar.

Formas coloridas de pessoas com seus instrumentos dançavam no ar, nesse palco fenomenal, executando a mais linda melodia que meus ouvidos já ouviram.
Quando ela, deslizando, aproximou-se da platéia curvando-se em saudação graciosa, as longas e lindas mãos estendidas, eu delirei. Aquilo não era real. A beleza era tanta que senti vontade de rezar.
Ela começou a dançar e dela emanavam luzes coloridas enquanto seu corpo tomava lindas e expressivas formas, desaparecendo e reaparecendo, expressando sentimentos de luz e beleza tão elevados que energias coloridas e luminosas nos atingiam e emocionavam sensibilizando-nos a alma.
E eu fiquei ali, mudo, enquanto durou aquele espetáculo inesquecível, esquecido de tudo, deixando as lágrimas correrem livremente pelo meu rosto, numa felicidade intraduzível.
Quando terminou e ela curvando-se acenou adeus, da platéia silenciosa e extasiada saiu uma energia de um rosa brilhante misturada ao lilás suave, que a abraçou com carinho. E eu, que estava na primeira fila, pude ver que dos olhos dela, brilhantes de emoção, duas lágrimas rolaram qual pérolas de gratidão e de amor.
Silveira Sampaio. Pare de Sofrer. Ed. Vida e Consciência. pp 96-97

Mesma regra serve para as músicas que levamos às nossas crianças e jovens.

O cancioneiro espírita é grandioso, vasto e diverso. Há uma infinidade de artistas de variados estilos, precisamos conhecer e prestigiar mais a música espírita. Além do que, por ser espírita, há grandes chances de já estar em sintonia com o que queremos transmitir com nossas coreografias. Há músicas espíritas para todos os momentos e todos os gostos. Certamente acharemos uma que se encaixe no que queremos. Uma breve busca na net, e mais uma vez, uma infinidade de arquivos com cifras, letras e mp3 para ser baixados, são facilmente encontrados.



O MOVIMENTO DE DANÇA ESPÍRITA NO BRASIL

O movimento de arte espírita tem crescido sobremaneira. Especialmente na última década. Na área da dança podemos destacar o importante papel do Instituto de Difusão Espírita de Araras que vem promovendo anualmente a Mostra Espírita de Dança, evento único nesta modalidade no país.

A Pintura, a Escultura, a Arquitetura, a Poesia foram, uma a uma, influenciadas pelas idéias pagãs e cristãs. Podeis dizer se, depois da Arte pagã e cristã, haverá, um dia, a Arte espírita?
-- Fazeis uma pergunta que se responde por si mesma: o verme é o verme; torna-se bicho-da-seda; depois, borboleta. Que há de mais aéreo, de mais gracioso que uma borboleta? Então! A Arte pagã é o verme; a Arte cristã, o casulo; a Arte espírita será a borboleta.
Allan Kardec – Revista Espírita, p.404, 1860, Ed. EDICEL

Neste ano, chegaremos à nona edição. O evento tem data prevista para 13, 14 e 15 de novembro de 2010.

Ano passado a Mostra abrigou ainda o I Curso para Coreógrafos Espíritas: Dançando com a alma – O trabalho do coreógrafo no grupo espírita, nos dias 10 11 e 12 de outubro de 2009, numa parceria do IDE com a ABRARTE.

A idéia de se fazer um curso para coreógrafos nasceu na Mostra de 2008.
Os artistas presentes sinalizaram a necessidade de se unir para fortalecer e ampliar o evento e de qualificar os grupos e artistas ligados à dança espírita. O representante da ABRARTE que estava presente e os participantes, elaboraram a Carta de Araras onde descrevem a necessidade de que aqueles que estão à frente ou desejam estar à frente dos grupos de Dança Espírita, conheçam um pouco mais sobre esta linguagem, e conheçam as proximidade, as intercessões entre esta e a Doutrina Espírita (pelo menos o que já se sabe a respeito)

Refletindo sobre a expressão da dança em nosso movimento, identificamos necessidades e caminhos a seguir, baseados nos ideais da Doutrina Espírita e capitaneados pelo desejo de expressar-se artisticamente na busca do aperfeiçoamento moral e da divulgação da Doutrina Espírita através da arte.
Reunidos em espírito de colaboração e franco debate, nós, artistas espíritas, registramos neste documento, o extrato de nossos debates, com sugestões e solicitações à Abrarte, na crença de que a reunião de idéias contribui na construção de um caminho de crescimento e aprimoramento do movimento artístico de dança.
Percebemos que as ações ligadas à dança de caráter espírita passam ainda pela necessidade de divulgação de seus princípios e de seus eventos além da qualificação de seus fazedores, necessidade inerente a todo o movimento artístico espírita.
Carta de Araras, 17 de agosto de 2008(trecho)

Desta ação, a Abrarte reuniu um grupo de seis artistas ligados à dança para formatar o curso e ministrá-lo na edição de 2009. Assim foi feito. O curso aconteceu nos três dias da Mostra, mobilizando artistas de diversas cidades do país e potencializando os conhecimentos sobre Dança e Doutrina Espírita.

Durante a Mostra, além do curso para coreógrafos e das apresentações dos grupos, há várias oficinas, painéis e atividades voltadas para a temática, reunindo um grupo de mais de uma centena de pessoas.

Reunindo dois conjuntos de apóstolos, os participantes do I Curso para Coreógrafos Espíritas foram convidados à uma maratona de estudos e práticas para um processo de metamorfose. Do casulo do salão, saíram vinte e quatro borboletas com a certeza de poder colaborar na semeadura do Mestre Jesus. Finalmente reunidos no auditório, mais de uma centena de bailarinos presentes, deu-se início às apresentações. As luzes fugiram da platéia para reacenderem-se na Terra, em um lindo globo azul, protegido, erguido e evoluindo nas mãos de seres angelicais que ao ocuparem os espaços do palco nos ensinaram que a FRATERNIDADE das cores é um passo a ser dado pela Humanidade para esse novo momento. Na dobra do tempo/espaço onde passado e presente perderam suas fronteiras, visitamos épocas já vividas e pudemos vislumbrar o que nos espera.
(...)
De repente, como uma torneira que se abrisse, a vibração da Arte do Movimento não cabia mais em nós, as lágrimas teimaram em cair como se se tivessem rompido os diques da alma, e identificamos que nossos sentimentos careciam chegar muito além dos limites de Araras.
Borboletas revoaram em Araras, artigo disponível em http://www.arteespirita.com.br

Atualmente, estamos na campanha pela irradiação. Os grupos presentes a última Mostra foram convidados a criar blogs, a postar seus vídeos no youtube e a participarem dos eventos de Arte Espírita, em especial os realizados pela Associação Brasileira de Artistas Espíritas que vem se firmando como representando da área, inclusive junto à FEB já tendo participado de reuniões do CFN e sendo membro da comissão que está preparando um documento de orientação aos espíritas sobre a Arte.

Por todo país novos grupos de formam e se solidificam. Podemos citar alguns deles que participaram das Mostras e que podem ser encontrados na net, nos blogs e/ou no youtube:

GRUPO LEMA – FORTALEZA/CE

GRUPO ESPÍRITA DE DANÇA EVOLUÇÃO – ARARAS/SP

GRUPO ESPÍRITA DE DANÇA GRAÇA E LUZ – SÃO PAULO/SP

GRUPO ESPÍRITA DE DANÇA REFORMA ÍNTIMA – VITÓRIA/ ES

GRUPO DE TEATRO E DANÇA COR DA ALMA – RIO CLARO/SP

GRUPO ESPÍRITA DE DANÇA ARTELUZ – PAULISTA/PE

GRUPO SÁPHYRA – RECIFE/PE

GRUPO ARTE E VIDA – FRANCA/SP

GRUPO FEH – SÃO PAULO/SP

CASAS ANDRÉ LUÍS – SÃO PAULO/SP

JECAL – SÃO PAULO/SP

GRUPO ASAS DA ALMA – NILÓPOLIS/RJ

GRUPO ESPÍRITA DE DANÇA ILUMINAR – RIBEIRÃO DAS NEVES/MG

GRUPO DANÇA ARTE – GOIÂNIA/GO

GRUPO CRISÁLIDA – RIO DE JANEIRO/RJ

A arte espírita tem buscado principalmente o diálogo e o intercâmbio entre os grupos e uma maior visibilidade junto às casas espíritas, estimulando também o nascimento de novos grupos.

Uma investigação despretensiosa num site de buscas na web com o verbete Dança Espírita e/ou Arte Espírita pode reforçar nossa fala.

O Portal de Artes da Abrarte tem sido, juntamente com os de outros grupos, um pólo de união de informações, produtos e notícias do movimento de Arte Espírita no país, materializando um ideal que se mantinha adormecido qual semente e que agora brota possibilitando a espiritualização da Arte.

Aprendizes da Criação, os artistas sintonizados com o Mestre Nazareno, arrancam do lodo e da podridão as ovelhas perdidas de Deus e as alavancam rumo a Este, pelo encantamento, pela vibração na alma, pelo arroubo do diapasão em seus corações.
Para este concerto, foram reunidos muitos instrumentistas e técnicos de diversas áreas, e artistas que outrora não souberam utilizar seu talento a serviço do planeta. Uns e outros se somaram para esta missão, alguns da crosta e outros do invisível, de lá e de cá para que o ciclo se feche e o elo se fortaleça. Boa parte dos que deveriam laborar na terra, entre os encarnados, já iniciaram suas atividades ou se preparam para fazê-lo. Poucos ainda aguardam no plano espiritual para reencarnar nos próximos anos. Em poucas décadas já se poderá reconhecê-los entre os que mourejam nas lides espíritas, e em outras áreas, para que não falte a ninguém o convite.
O Plano de Deus é muito amplo e superior à nossa compreensão mas, pela Sua imensa piedade, escolheu Jesus a beleza para ser o instrumento de transformação e evolução do planeta que não casualmente fez AZUL e que azul permanecerá, mas acrescido de raro brilho e encantamento.
CARIDADE ATRAVÉS DA ARTE E DA BELEZA.
Será assim a nossa renovação e todos somos responsáveis em tornar realidade a vontade de Deus. E poderia Deus ter vontade mais bela para nós?!


Bento (Espírito). Acervo da Comunidade Arte e Paz. Disponível em








PARA REFELETIR:

Dança: Vibração da Alma

A dança é a vibração da alma que a arte impulsiona sobremaneira.
O corpo é repositório de nossas experiências mantidas nos séculos de nossas existências.
Em cada uma delas, nos despojamos deixando ao solo o acúmulo e o desgaste de nossas energias somáticas. No entanto, levamos conosco em maior profundidade a cada vez, o resultado e o acúmulo das energias, sentimentos e emoções em nosso perispírito: Nosso corpo luminoso, energético e mais sutil. É ele a ligação do ser que somos com o ser que estamos.
A arte, sutilizada e espiritualizada, que eleva-se às esferas em busca da beleza e da divindade, emana e detém as energias através deste veículo: o corpo perispiritual.
A dança, presente nas demais artes e mãe destas todas, é importante veículo de manipulação fluídica e espiritual, deixada ao largo porque ao se definir no ser, em seus contornos e desenhos primários, reflete em maior amplitude o grau evolutivo deste mesmo ser.
A humanidade, embora haja evoluído muito em referência ao seu ponto de partida, muito distante ainda se encontra do seu ponto de chegada.
É-nos mais fácil responder ao que conhecemos. E mais perto ainda nos encontramos das tribos arcaicas que da angelitude.
Nosso corpo fluídico guarda em si os sons dos tambores que buscavam as chuvas, dos chocalhos que cantavam para os ventos e dos batedores que buscavam o deus da força, o deus da natureza.
Gravados neste veículo menos grosseiro, estão os cânticos ritualizados e unicórdios das sociedades primitivas e a eles respondemos como às lembranças carinhosas de nossa infância.
Quando o homem houver desligado-se das imagens e sensações terrenas, através do intercâmbio e das visões do mundo espiritual, das esferas onde a alegria, a harmonia e a paz reinam, refletirá em seu corpo espiritual e este imprimirá no soma as energias divinas e harmônicas do universo.
A dança será então, como já o é em esferas sutilizadas, um cântico de louvação fisicalizado em luzes e formas, emitindo irradiações salutares e terapêuticas, unindo almas em sintonia com os benfeitores e elevando o ser ainda mais a planos de sutilíssimas harmonias.
A arte que plasma no homem a harmonia divina, ainda não foi por ele descoberta em sua real utilidade.
Ainda há pouco iniciou-se a busca da espiritualização da arte. Esta é sim, reflexo do homem hodierno, que ainda busca, qual náufrago em desespero, o prumo e o centro de suas aspirações. Suas inquietações ainda o perturbam e desarranjam sem que lhes traga a felicidade.
Arte e homem caminham juntos por serem tão somente uma única e mesma coisa.
A arte é o elemento divino do homem, sua emoção, sua aspiração, seu ideal, deveria ser-lhe alavanca a Deus. E o será quando ele, o homem, melhorando-se, melhorá-la, elevando-se, elevá-la e divinizando-se, divinizá-la.

Ariel ( espírito). Acervo da Comunidade Arte e Paz.
Salvador - Bahia