SAPATILHA ESPÍRITA



“... Sim, certamente o Espiritismo abre á arte um campo novo, imenso e ainda inexplorado; e quando o artista reproduzir o mundo espírita com convicção, haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações, e o seu nome viverá nos séculos futuros, porque às preocupações materiais e efêmeras da vida presente, substituirá o estudo da vida futura e eterna da alma.”
Allan Kardec

quarta-feira, 3 de março de 2010

A DECADÊNCIA DA ARTE


Weimar Muniz de Oliveira

“Não alcança a arte sua plena dignidade quando se limita a proporcionar prazer aos homens sem excitar, ao mesmo tempo, seu entusiasmo por tudo aquilo que faz a grandeza da vida.” ( J. Reynaud – “Terre et Ciel”)

A ARTE , como já se conceituou, é toda atividade realizada com capricho e beleza, ou, como quer Luiz de Camões, na segunda estrofe de “Os Lusíadas”:
“...Cantando espalharei por toda parte, se a tanto me ajudar o engenho e arte.”
Em matéria de arte nobre, se assim podemos nos expressar, no intuito de definir as atividades mais cultivadas e mais expressivas do HOEMM, o terrícola tem pouca capacidade ainda de captação e absorção da ARTE, de vez que a Verdadeira Arte é aquela que mais se aproxima da perfeição, ou seja, do Belo e do Bem.
Não basta, pois, a forma primorosa, mas também o conteúdo consistente, altruísta e em harmonia com as leis da Natureza, em sua inquestionável dualidade, isto é, física e extrafísica.
Assim é que aquele que tem uma pobre concepção da vida, do Criador e das coisas, não poderá produzir senão o que demora no âmago do seu ser, ou seja uma caricatura de arte.
E é desse nível ainda a grande maioria dos habitantes da Terra.
Daí a visão distorcida da Arte por essa maioria. Dão também, nesse final de ciclo planetário, a inegável decadência das artes, em todos os seus ângulos, reconhecidas e feitas as honrosas exceções.
O resultado dessas atividades, tidas como Arte, mais não representa do que o furto da semeadura, na gleba lamentável do materialismo.
Assim escrevia Allan Kardec, em Obras Póstumas:
“A decadência das artes neste século, resultou inevitavelmente da concentração dos pensamentos sobre as coisas materiais, concentração essa que, a seu turno, é o resultado da ausência de toda crença, de toda fé na espiritualidade do ser. O século apenas colhe o que semeou. Quem semeia pedras não pode colher frutos, senão por meio de uma reação no sentido das idéias espiritualistas”.
Os temas de arte, terra-terra, já tão minados, têm que dar lugar às outras motivações e concepções mais elevadas da vida, do destino e da natureza.
Tornam-se oportunas as candentes palavras de Rubens C. Romanelli, de saudosa menória, ex-professor de Filosofia e Lingüística da UFMG:
“Homem! Sobrepõe-te, por um instante, às solicitações de teu corpo e detém-te na consideração de teu próprio mistério.”

Em verdade, nada vês, senão aparências da realidade, manifestações fenomênicas do conteúdo íntimo e incógnito das coisas.

Transcende a contingência de teu ser corpóreo, a fim de te pores em contato com o absoluto de tua essência.

Reconcilia-te, pois, contigo mesmo e sê a sentinela avançada de tua integridade espiritual. Volve ao teu mundo interior e entra na possa de teu próprio ser. Sim, possui-te, porque não há maior conquista do que a conquista de si mesmo.” ( O Primado do Espírito – 2ª ed. Belo Horizonte 1960, p.61-63).

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