SAPATILHA ESPÍRITA



“... Sim, certamente o Espiritismo abre á arte um campo novo, imenso e ainda inexplorado; e quando o artista reproduzir o mundo espírita com convicção, haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações, e o seu nome viverá nos séculos futuros, porque às preocupações materiais e efêmeras da vida presente, substituirá o estudo da vida futura e eterna da alma.”
Allan Kardec

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Artista e Responsabilidade


Se me permitem, gostaria de levantar um aspecto com relação as conseqüências das imagens materializadas no palco. Temos falado das conseqüência para o artista, gostaria de lembrar das conseqüência para a platéia; bem como da responsabilidade deste (o artista) por tudo que marcou nas consciências que o assistiram. Primeiramente gostaria de refletir com a Doutrina Espírita, onde há relatos de espíritos artistas que retornam ao plano espiritual e ficam profundamente constrangidos com o resultado das imagens que deixaram plasmadas na Terra (Tolstoi, pelo que escreveu em”Ana Karenina” por exemplo), e igualmente envergonhados dos comentários que fazemos aqui na Terra de seus deslizes na vida privada (Choppin à Ivone Pereira).

Gostaria de juntar à esta reflexão o comentário tão conhecido que a Divina Comédia, de Dante Alighieri, tem inúmeros versos para descrever o inferno e o purgatório, e muito poucos para descrever o céu. Realmente meus irmãos, temos largo lastro de vivências de sombras e ilusões, o que nos torna mais fácil a “memória emotiva” destas situações.

Emmanuel nos diz que o artista colhe suas inspirações nos desdobramentos que realiza na espiritualidade, ou em suas vivências pregressas. Aonde temos colhido as nossas? Exorta também à compreensão ao psiquismo impressionável dos artistas.

Pensando como atriz…. Como é difícil não ceder ao desejo da platéia que nos assiste! No momento da apresentação se estabelece um vínculo inexplicável entre o ator e a platéia! O tempo para. Não existe mais neguem. Só aquela vida que incorporo e as vibrações dos que me assistem. Estas vibrações me enlaçam em cena e sou capaz de sentir cada desejo da platéia. Eles querem rir! Então eu os faço rir! Que prazer fazer rir! Eles querem chorar, eu os faço chorar! É como se eu fosse um sensível instrumento tocado pelas mãos que me assistem. As vibrações então vivenciadas nesta troca voltam para mim. Fixam em mim, começam a fazer parte do meu perispírito, interferem no meu psiquismo e acionam vinculações espirituais similares (boas ou más, de acordo com o teor plasmado). Esta vivência é repetida pelo número de apresentações. Isto fica comigo.

Agora as idéias que eu defendi (declaradas ou subliminares), imagens que eu acionei, sentimentos que eu provoquei em cada um da platéia ficam com eles: começam a fazer parte de seu mundo mental, penetram na intimidade dos seus pensamentos e podem funcionar como estímulos para comportamentos que desejam justificar ou endossar. Isto é responsabilidade minha!

Todo relacionamento demanda responsabilidade. O artista se relaciona com multidões. Pensando com Jesus… “O que escandalizar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor seria que pendurasse ao pescoço uma mó de atafona, e o lançassem ao fundo do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos. Por que é necessário que sucedam os escândalos, mas ai daquele homem por quem vem o escândalo.

Ora, se a tua mão, ou o teu pé te escandaliza, corta-o e lança-o fora de ti.” Todos que sobem ao palco para plasmar seus compromissos com a Doutrina Espírita, sobem em nome de Jesus.

Chegando às minhas conclusões: Penso que o artista espírita deve ter profunda responsabilidade com a obra que cria e a repercussão desta obra nas consciência que vão “aprecia-la”.

Quem terá a coragem de abraçar o desafio de dar forma a imagens que promovam a evolução dos que os assistem? Que façam a maiêutica da Luz nos que estão na platéia? Que elevem seus pensamentos às belezas eternas?! O que será de nós se não abraçarmos as elevadas vibrações desta doutrina?

As platéias agora são outras… são de espíritos espíritas. Foi está platéia que nos foi direcionada nesta reencarnação (por injunção do nosso planejamento reencarnatório).

Muitas vezes não são os pequeninos que buscam novamente Jesus, agora no espiritismo? Por que não alimentar suas esperanças de crescer?! Se não são platéias espíritas nossa responsabilidade é maior, pois nossa postura falará pela causa que esposamos.

Citando novamente Emmanuel, em seus romances, este espírito descreve cenas terríveis (como a morte de Simeão em Há 2000 anos), mais em nenhum momento enquanto fazemos sua leitura caímos na sintonia, ao contrário, sublimamos, vivenciando o nível de testemunho de fé de Simeão por Jesus.

É uma história que é narrada por um espírito evangelizado, que não oculta as trevas, mas dá seu real valor diante da Luz. Alem de ter fixada em mim as vibrações dos meus personagens, ainda terei o ônus de responsabilidade da obra criada.

Chegou a hora de colhermos o ônus de uma obra que nos liberta, nos traz paz à consciência. Nova era! Era do Espírito na Terra!

Sugiro: Quando entrardes em cena, e a cortina se abrir, imagine… Sentado à primeira fileira, na cadeira central, esta Jesus.

O que ele acharia da tua arte?

De que valeria uma obra espírita se não tiver o peso de um passe.

Um grande abraço a todos!

Elaine (Santos/SP)

Fonte: Lista do Fórum da ABRARTE



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